Em vermelho valdemar santos responde
Em preto patricia se coloca em relação ao texto “Foi necessário……libertar!

Meu amor, visit here se já não tivéssemos um projeto juntos – que anda prejudicado pela distância mas que irá se ajeitar – iríamos começar um agora. Vamos imaginar que isso tudo esteja começando agora, sales precisamos pensar e escrever mais sobre o que queremos, acho que nesse meu texto coloco muitas questões que já discutimos e também essa questão de falar do nosso envolvimento com a dança, penso que vc também poderia fazer um estudo dos seus movimentos primários, de como vc começou na dança, lembro de vc me falar de uma dança que fez, não lembro exatamente mais que ficamos de ver depois, isso poderia se um bom começo. Eu me relaciono com basicamente tudo que você falou. Outros pontos como os clips, madonna, michael até chegar na beyonce pode nos ligar. Acho sua vontade um bálsamo pra mim, que diferentemente de outros que têm na dança todo um histórico, estou apenas começando a dançar. E eu quero é dançar. E modelar e jogar o cabelão. E tenho dito. Você tem dito. Tinha pensado também em trabalharmos dançar com ações do cotidiano, lembra de vc varrendo a casa? achei aquilo fantastico, como podemos dançar enquanto varremos???? eu gosto de dançar enquanto escovo os dentes, e quero ver como isso entra no trabalho, já venho trabalhando dançar escovando os dente e acho que pode ser uma idéia a ser trabalhada, enquanto vc varre eu escovo os dentes, pra mim é como se a dança fosse algo muito natural, fizesse parte do corpo da forma mais espontânea e trivial… vamos trabalhando escrevendo trocando idéias ai quando tivermos juntos experimentamos….. bjão
 
Muitos beijos e muito amor. + e + pra nós…meu amor. Val
P.
Este tempo com Rick Seabra é nossa segunda residência, stuff porém, ambulance é nosso primeiro momento mais extensivo com um orientador, o que faz desta residência um grande laboratório de colaborações.

 Apresentamos pequenos trechos adaptados do que foi desenvolvido na residência de imersão, levando em conta novas condições (estar em Teresina, contexto mais urbano) e ausências (no meu caso e Agnaldo, a falta de Victor), além de novo cotidiano. Deslocamentos que me fazem pensar, reelaborar idéias, perceber meu corpo e seus limites, até mesmo para fazer um break.

 Depois disso, nos familiarizamos com o trabalho de Rick, que tem a pesquisa como investigação artísticas, como a idéia estratégica de fazermos um inventário das imagens que encontramos/construímos (inventariamo-nos também vale). Junto a isso, realizamos rodas de conversas para apreciação de propostas e troca de idéias, no possível de cada um, dada que já é possível visualizar maiores afinidades, não sentidas em Luis Correia, como também incompatibilidades esboçadas lá que aqui em Teresina ficaram mais evidentes.

Ainda, fizemos dois sábados de apresentações bem pertinentes para as nossas urgências de ver idéias criarem alguma materialidade coletiva. Estamos juntos para estar junto, um do outro, em tese, é assim. Gosto muito da leitura do sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, quando ele defende a chamada ecologia dos saberes: ?O lugar de enunciação da ecologia de saberes são todos os lugares onde o saber é convocado a converter-se em experiência transformadora??.

 Isso é importante considerar quando temos individualidades fortíssimas que se não se deixarem permear pelo outro, sem medos, empedram-se no contexto que estamos todos tentando criar, que é um contexto colaboratorial (colaboração e laboratório).

 No geral, percebo que o grupo sinaliza para algo mais plástico e rico de imagens cênicas, o que estou tentando ter cumplicidade, sentir o que tem isso no meu dançar que é mais interessado na investigação do movimento no corpo, e não tão fora dele.

 Para manter um pouco esse “movimento”, este sábado e nas últimas quinta e sexta-feira, fui para o Núcleo Dirceu a pé, certa de 1 hora e 30 minutos de caminhada, com um céu bonito pra chover, acreditando que só as criaturas que se movem/movimentam pensam, e repensam, reelaboram, humanizam-se.

 Como diz Damares, ? ISSO.

 Joubert Arrais
Luís Correia, medical 05 de maio de 2010, troche ou seria Onde? Quando? O quê?

 Imagino que seja difícil para todos apreender determinadas vezes quando se inicia um processo: somos seres (pre)ocupados com tantos projetos, cost indivíduos comprometidos com quefazeres tão múltiplos, homens envolvidos com tarefas tão variadas que nos perdemos em meio a (con)fusão orbital de nossos uni-versos, mesmo re-versos. Aí, nos desprendemos de instantes, experiências e valências simbólicas e miméticas (no que a expressão pode trazer de mais significativo) que representariam (ao menos como latência) o conjunto de nossas vidas na rede do tempo para nos aliançarmos a edificação de estados cristalizados do hoje que passa.
 Esta dificuldade, então, existe porque enquanto indivíduos (apesar de insistirmos em conciliações petrificadas) somos atravessados por processos inesgotáveis e ininterruptos que se fazem presentes (mesmo em instâncias do passado ou do porvir) e conquanto validem a questão do hoje são filiações de estruturas que transitaram ontem e engendrarão pensamentos, palavras, ações (em potência) amanhã, o que nos induz a crer que tratar de prólogos criativos consiste em ato efêmero e, em muitas ocasiões, falho quando não reconhecemos a des-ordem das considerações lógicas e pueris das coisas.
 Certamente, adotando tal perspectiva não desejamos assumir e atribuir às nossas experiências estruturas niilistas e vazias, tampouco aspiramos evadir o campo de presença e estabilidade que o momento que ocorre nos oferta, testemunhamos tão somente nossa incapacidade de equilibrar as zonas de tempo que nos atravessam e valorizar o instante instável, deslocado e contextualizado, à guisa de prisioneiro, no hoje.
 Por isso, após dez dias de imersão no Projeto CoLABoratório 2010 discutindo, aprendendo, sensibilizando, acordando e dormindo com dezenove artistas residentes e algumas outras pessoas reflexionamos e inquirimos: Quando tudo isto começou? E a solução à questão aparentemente clara, lógica ou óbvia apenas nos aponta que talvez falar disso tudo não seja possível, assim como não se faz possível e não é marginal tratar a origem disso tudo.
 Apoiamo-nos no espaço marginal, acreditamos na estrutura da periferia que não se encontra aqui, nem lá, tampouco acolá, cremos na ductibilidade das membranas que permitem acesso entre o íntimo e o exterior, confiamos na pele que integra o corpo ao espaço num jogo ousado de dissolução das fronteiras (ainda que observada como limite entre um eu e um outro ou muitos eus e outros tantos outros); daí, não pretendemos buscar ou ofuscarmo-nos em um possível quando, mas sim apreender toda experiência como atemporal ou como ficção do tempo.
 Neste tempo líquido, banhando-me nas ribeiras do leito a margem questiono-me sobre o que tenho realizado e percebo uma dificuldade em relatar tudo quanto venho fazendo: encontros inúmeros, conversações adequadas e outras ? francamente ? nem tanto, estímulos táteis, visuais, gustativos, auditivos, olfativos, intuitivos, espirituais, gente de comportamentos e estruturas físicas diversas, sotaques que garantem risos francos e afinidades legítimas, sentidos perenes e sentimentos profundos: confidências, segredos, congredos.
 Complicado perceber o que faço neste esquema de múltiplas ações, somos seres tão plásticos, portadores de elasticidade tão farta, trajando vestiduras tão possíveis de serem reconhecidas e valorizadas (digo a partir de um contexto desesperado que começo a perceber nas ações minhas e suas), que tornam-se ausentes de peso estruturando-se como ações que levitam sem intensidade de força aplicada ou que pairam no Universo de nossas práticas sem uma necessidade urgente de promover inquietações, revelações, ou definições planas, rasas, num solo ausente.
 Revisitando minha memória cheiro areia, bebo suor, pego conchas, abraço camaradas, rio jocoso, brinco balanço, pesquiso palavras, anoto poemas, escuto versos, danço musicas, recuso afirmações, silencio verbo, engasgo mostarda, admiro pessoas, entrego confissões, durmo tarde, caminho descalço, percebo vozes, sinto frio, mergulho água, machuco pé, peço ajuda, ofereço biscoito, abro bolsa, corto bolo, olho outro, beijo todos, cheiro boneca, respiro aliviado, observo estrelas, escrevo a você e, por isso, resisto a escrever o que fiz, faço ou hei de fazer.
 Aqui, mas em um aqui que não se faz em permanência e não se estrutura como lugar comum é o espaço em que me explico para confundir e busco para desencontrar fomentando múltiplas espacialidades possíveis a esta procura. A trajetória das formas poéticas não se faz reconhecível porquanto (in)vento o lugar onde estou a cada segundo com pontes invisíveis que os pensamentos e(m) ações constroem e edificam no processo dialógico com o mundo geograficamente imaginado.
 Daí, depreendo não estar ciente ou apresentar inaptidão para certificar onde estou e sigo a corrente dos encontros que testemunham em minha intimidade o fluxo dos homens, da Vida, do Ignoto. Não concebo, pois, quando, nem o que, tampouco onde estão os traços que empresto ao papel, mas intento ensaiar no rumo do como e a isto uma palavra me induz.