Oi gente, for sale

Então aqui estou nesta cidade maravilhosa (e estranhamente agradável) de Nova Iorque… Nova Iorque não é mais a mesma… Era tão trash! Agora está linda, cheapest comportada, limpa, as mulheres parecem manequins, os homens bofes da MTV. Mas prefiro assim… Estou ficando velho. (mas ainda tem muito maluco… Isso sempre foi e será uma caracteristica da cidade… Malucos na rua falando sozinho).

OK… Tenho uma proposta pra fazer pra vcs. Brinquei com esta ideia quando estava com o Darwin e a Damares e resolvi levar a sério. Quero que vcs criem e apresentem, quando eu voltar, uma dança para a música do YouTube que eu lhes mandei da Cassandra Wilson cantando Harvest Moon de Neil Young. Para o pessoal de Teresina, se quiserem participar podem fazer um video-dança e enviar pra gente um mp4.

Traduzi a letra pra vcs no anexo e tem uma explicação do título da música.
Não precisam “interpretar” a letra, claro. Mas sempre acho legal que a gente saiba o que estamos usando quando utilizamos trilhas em outra língua.

Tem algumas frases nesta canção que, pra mim, falam de uma simplicidade que falta na dança contemporânea …

1.
Chega um pouco mais perto
Ouça o que tenho a dizer

2.
Sabemos onde a música toca
Vamos sair e sentir a noite

3.
Eu quero ver você dançar de novo

O Neil Young simplesmente associa dança com música e sentir a noite…
? completamente anti-cabeção.

Pensei numa coisa que aconteceu na sexta no Rio durante a nossa apresentação. Vcs lembram a parte que foi aplaudida durante a sua apresentação? Foi quando pediram pro Samuel ficar de quatro, mãos e joelhos no chão… Foi quando ele parou de dançar. Metaforicamente falando, pra mim, isso foi muito significativo e fala bastante de onde a dança contemporânea se encontra hoje.

Mas façam o que vcs quiserem com esta música… Podem fazer solos ou grupos.

Mas tem UMA REGRA:

A sua dança não pode ir pro chão… Não pode ter trabalho de chão.

? isso

Besos
Ricky

PS: aqui vai a música de novo:
http://www.youtube.com/watch?v=JU5jqVOW6gk
Embora oficialmente agora seja a terceira residência, sick na minha contagem é a quinta. Contem comigo: primeira Crhistine Greiner, more about segunda Jorge Alencar, terceira Marcelo Evelin, quarta Ricky Seabra e quinta Julia Barsdley. ? certo que vendo por outro lado pode ser a segunda depois da imersão ou mesmo a primeira com uma pessoa de língua ?incompatível?? o fato de Julia só falar inglês é uma particularidade dessa residência que agora precisa de um interprete para que a comunicação aconteça. Por meio do interprete soube que Julia pretende abrir espaço para colaborar trabalhando e da melhor maneira buscar o que pode ser mais produtivo para os colaboradores/criadores, ela faz questão de nos conhecer antes do trabalho, se preocupa com a estrutura da apresentação/ação. Julia gosta de estar de fora, ajudando como olhar externo, vem questionar e sugerir a relação com espaço e estabelecendo regras, atenta a relacionamento com espectador. Sobre o que somos em relação aos nossos projetos e como nos achamos dentro deles ou se só fazemos parte do todo. Ela sugeriu uma reflexão sobre nossos projetos e interesses pessoais.

Primeiro Julia se apresentou contando que teve inicio no teatro, sempre buscou fazer teatro da sua forma, apostando nas infinitas possibilidades de construir e apresentar uma cena. Depois mostrou em vídeo seus trabalhos. Primeiro assistimos em preto e branco pois ninguém conseguia configurar o colorido da TV, isso deu um toque nostálgico nas cenas, Julia tentava explicar a luz e as cores das imagem, mais logo Jacob e Bebel buscam seu aparelho e então podemos ver as cores e a maravilhosa luz no trabalho dela, um apanhando geral de seus últimos projetos.

Tem sido surpreendente o contato com os profissionais do colaboratório, os ?bolsistas?? são cada um mais interessante que o outros e os colaboradores surpreendem a cada residência, o encanto intelecto de Crhistine, o humor mais que inteligente de Jorge, a precisão do discurso de Marcelo, a competência e solidez do Ricky e a genialidade, crueldade e elegância de Julia.

Nessa residência atual com a presença do interprete fiquei pensando como é de fundamental importância a função do interprete que traduz o discurso buscando a emoção ideal, o tom a sutileza do falante, é sem dúvida essencial para que o entendimento e a comunicação aconteçam. Depois mais tarde fui relacionar essa figura para a cena, para arte como um todo. Seria então viável em alguns espetáculos a presença do interprete? A pessoa que traduz e que ajude na comunicação com o entendimento da questão, situação ou idéia proposta. Fiquei viajando em trabalhar com um interprete num projeto, alguém que faça uma tradução literal das cenas que ajude não só no entendimento da cena mais que assim como na língua dê mais clareza no entendimento do receptor. Tendo assim a garantia de que sua idéia foi passada e entendida como você quer que seja.

Marcou-me nas falas da Julia os três elementos do artista: O BURRO, O BOBO, E O DIABO. Curioso não? Parece novo inicio no colaboratório 2010 é como se a cada nova residência, desse inicio a outro processo sem perder a ligação com o todo. Já adquiri uma facilidade de me reconectar…

por Val